LIVRE DE OBSTÁCULOS

Reportagem publicada em 21 de novembro de 2000, edição 115, Caderno Casa & Cia             

Planejar edificações livres de barreiras físicas é uma das funções primordiais dos arquitetos. Construções sem obstáculos significam projetos acessíveis à totalidade da população: crianças, adultos, gestantes, idosos, pessoas com problemas cardíacos, obesos, portadores de deficiência física permanente ou temporária (quem está com o pé engessado por exemplo) e portadores de deficiência sensorial – visual ou auditiva. Permitir o ingresso de qualquer indivíduo as instituições públicas e privadas, mas do que questão de conscientização é lei.

A lei municipal n° 8317 sancionada pelo prefeito Raul Pont em nove de Maio de 1999, prevê a adequação de edificações e logradouros de uso público às necessidades de acesso e livre circulação de todas as pessoas, em especial aquelas com dificuldades de locomoção. Enquadram-se nas diversas categorias de construções de uso público prédios como sedes de governos, escolas, hospitais, supermercados, shoppings centers, bancos, cinemas, restaurantes, hotéis e igrejas.

Arquitetura sem barreiras, além de facilitar a vida dos portadores de deficiências, oferece segurança para toda a população, evitando acidentes que podem causar danos irreversíveis – alerta a arquiteta Liana Lautert Echeverry, integrante da Comissão Permanente de Acessibilidade de Porto Alegre.

A arquiteta ressalta a importância de projetar espaços capazes de oferecer total integração e independência as pessoas, seja portadoras de deficiência ou não. Por conta disso é que devem ser evitados obstáculos tais como pisos escorregadios, escadas sem corrimão, portas estreitas e mobiliário urbano – postes, telefones públicos e lixeiras – mal localizados nas calçadas. Casas, apartamentos e prédios públicos devem reunir estética, segurança e conforto para que o projeto esteja correto.

- A intenção básica de um arquiteto tem que ser a de realizar projetos que consigam atender ao maior número de pessoas, sejam magras ou obesas, altas ou baixas, jovens ou idosos, fazendo adaptações, como fixação de barras de apoio para idosos e portadores de deficiência, em casos específicos. – afirma Liane.

ARQUITETURA SEM BARREIRAS NA PRÁTICA

- Escadas devem contar sempre com corrimão. Se não estiver encaixada na alvenarias (como paredes de ambos os lados), a escada necessita também de um guarda-corpo, fundamental para evitar acidentes, principalmente com crianças.- Portas estreitas prejudicam a passagem de pessoas obesas e portadores de deficiência. A medida ideal prevê 80 cm de vão entre os batentes.
- No banheiro, utilize cortinas de plástico ou portas de corres no boxe. Se uma pessoa cair durante o banho, seu próprio corpo torna-se um obstáculo para a remoção do interior do boxe, sem caso de portas com dobradiças.
- Torneiras do tipo alavanca, ou ainda de cruzetas são mais fáceis de abrir.
- Coloque redes de proteção sobre piscinas para prevenir acidentes com crianças.
- Cegos e surdos devem contar com dispositivos sonoros e visuais.
- Portadores de deficiência devem dispor de vagas especiais em estacionamentos com 1m20cm de espaço livre ao lado do veículo, para transferência do automóvel, para cadeira de rodas ou equipamento similares, como o andador.
- Postes, bancas de revista, lixeiras e telefones públicos estão mal localizados nas calçadas quando a largura entre esses elementos e os muros, grades e paredes é inferior a 1m20cm, o que não permite a passagem de uma cadeira de rodas.
- Evite tapetes soltos, colocando borrachas antiderrapantes sob as peças.
- Evite pisos escorregadios como granito polido. Para prevenir quedas, também é recomendável não encerar o chão. As melhores opções são o carpete, a madeira não encerada, o piso de borracha e a cerâmica antiderrapante.

BORDAS ARREDONDADAS

nos móveis afastam o risco de ferimentos graves e facilitam o uso do mobiliário como apoio para idosos e portadores de deficiência física.

BARRAS DE APOIO

nos ambientes de circulação são garantia de segurança para idosos e portadores de deficiência física. Combinados com piso antiderrapante, praticamente eliminam a chance de acidentes.

DESNÍVEIS NO PISO

representam grande risco de acidentes, pois são quase imperceptíveis. Além do perigo de quedas, trancam as cadeiras de rodas.

BANHEIRO SEGURO

barras de apoio ao lado do vaso sanitário e dentro do boxe e assento elevado minimizam o risco de quedas num local delicado – geralmente escorregadio pela presença da água.